Photobucket - Video and Image Hosting DESNUDEZ

desnudez



Há um momento na vida de uma pessoa em que as palavras viram silêncio. Não um silêncio sofrido, mas o silêncio amplo e branco que antecede o renascimento.
Antes do silêncio, estive encolhida na certeza de que tudo era imutável. As pedras eram imperecíveis e irredutíveis e imóveis. E meus pés, impotentes para chutá-las.
Um dia acordei na indocilidade do desejo de desejar. As pedras voltaram a ter a importância que as pedras devem ter. Nem mais nem menos. E a certeza ruiu. Em seu lugar cresceu a dúvida. A mesma dúvida ancestral que gerou o fogo, que gerou a roda, que gera a insconstância do desejo. Encontrei o silêncio.
Foi dentro deste silêncio que estive. Ele acuou-me. Eu o acuei. Foi uma luta justa, esclarecedora. Rendi-me a ele até descobrir que eu me media pelas minhas carências. E isto descoberto, libertei-me.
Quero ser mais do que minha própria impotência. Quero medir-me pelos meus desejos, reconhecer-me meu próprio processo. E um processo exige o cumprimento longitudinal de cada etapa. Para cumpri-las, busquei em mim perguntas que instigassem a caminhada. Paixão foi a grande interrogação. Primeiro, meu reconhecimento: ausência de paixão em mim, por mim, para mim. Em seguida, o gesto inicial: a busca de ver-me no outro. Com passos decididos empreendi a caminhada. Os desejos - ah os desejos hão de se cruzar na idealização.
Eis que renasço. Rompendo o grande silêncio que se impôs, renasço outra vez processo. Como ave que rompe o ovo e espanta-se com o brilho do sol, experimento as asas que apenas guardam a memória de vôos. Voar exige audácia. E coragem. E o contínuo recomeçar.
Recomeço Desejo. Recomeço Paixão. Recomeço Poesia.

na indocilidade de desejar

desejo parceria
que sendo liberdade
saiba orquestrar
(no inferno ou paraíso)
minhas insânias viscerais

desejo espelho
que sendo limpidez
saiba refletir
(negando ou afirmando)
minha semântica marginal

desejo sentidos
que sendo mutação
saibam engendrar
(para o bem ou para o mal)
meus mimetismos vitais

e quando tudo se transformar
em cacos esporádicos do gostar
desejo mais:

desejo que como as manhãs
saibamos nos reinventar



(Todo este post eu devo a uma pessoa maravilhosa que instigou o meu renascimento.
A ela o meu agradecimento e toda a paixão que anda explodindo em mim - de corpo, alma e letras)








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